Exaltando as deidades dos séculos antigos, ícones britânicos ganham contornos monstruosos em tecidos milenares
Edward Crutchley, o virtuoso estilista britânico, conhecido por seus desfiles magníficos, inicia a Semana de Moda de Londres com a inesquecível coleção outono-inverno 2024. Fazendo dos clássicos uma passarela futurista, a coleção apresenta uma subversão dos papelões da história, com cowboys e donzelas atravessando eras.
No coração do bairro Barbican, os portões da histórica Ironmongers’ Hall foram abertos para receber o público do desfile. Guiados por retratos de figuras emblemáticas britânicas, os visitantes ocuparam fileiras espartanas enquanto aguardavam a dança dos modelos, que teceriam curvas pelas trilhas históricas do local.
Vencedor duas vezes do Woolmark Prize, Crutchley justapôs o novo ao antigo, inflando sua linguagem de design exclusiva através de técnicas de tapeçaria revisadas. A Grécia e o Egito antigos foram revividos em seu desfile, homenageando deuses do século IV com retratos circulares, gráficos geométricos e artesanato primoroso.
A audácia se fez presente em sua coleção, impondo-se no formato de ombros largos que distorcem a forma humana como a conhecemos. A apresentação foi iniciada com vestidos angelicais adornados com bordados espiralados feitos por inteligência artificial, acompanhados de óculos de sol minúsculos, seguidos por casacos animalísticos vestidos por cowboys desafiadores.
Junto aos cowboys, donzelas fumando cigarrilhas davam vida a um universo de reinterpretações, onde jaquetas bomber curtas e casacos inchados traziam um novo significado para roupas clássicas. Imperadores e leões marcavam presença em peças sob medida, os cowboys recorriam a vestes bondage para dar completude à coleção.
Edward Crutchley cruzou o tempo na FW24, revivendo antigos deuses e transmutando o velho em novo. E não é exagero dizer que ele fez jóias de suas vestimentas, pois cada peça carrega em si a essência de um tempo transformado. Graças à audácia do estilista, cowboys e donzelas agora navegam juntos por eras, convertendo uma folha em branco na mais bela tapeçaria.