Ilustrando mais de 160 novas obras e cartões de colecionador negociáveis
A mais recente e grandiosa exposição solo do artista japonês Takashi Murakami no Japão, “Mononoke Kyoto”, quebrando um hiato de oito anos, é a personificação da antiga cidade de Kyoto em diversas formas de arte. A exibição, que acontece no Museu de Arte KYOCERA da cidade de Kyoto, apresenta mais de 160 novas obras. Criados especialmente para o 90º aniversário do museu, esses trabalhos surgiram a pedidos de Shinya Takahashi, o diretor-geral do museu.
Embora Murakami conta com uma equipe para auxiliá-lo, a criação de tantas obras novas não é tarefa simples. “Normalmente, para realizar uma visão dessas, o museu faria arranjos para pedir emprestadas obras existentes de museus e colecionadores no exterior. Mas desta vez, eles quiseram evitar os altos custos de transporte e os prêmios de seguro associados”, explicou o artista.
Nessa empreitada, eles solicitaram que Murakami, ainda vivo e apenas na casa dos 60, produzisse novas obras para a mostra. “E agora, trabalhando quase sem dormir ou descansar, comecei a vagar pelo tempo e pelo espaço em um estado de atordoamento, e minha alma e espaço-tempo estão começando a se fundir. Tornei-me um com a visão de mundo da antiga cidade, exatamente como o Sr. Takahashi pretendia”, confidencia Murakami.
O tema e a cidade de “Mononoke Kyoto” são uma reflexão sobre seu passado, presente e futuro. Durante o período Edo (1603–1868), o auge da arte e dos artistas no Japão, muitos residiam em Kyoto. A mostra discorre sobre como essa cidade evoluiu ao lado de influências ocidentais e se tornou o que é hoje.
A exibição segue em vista até 1º de setembro, com atualizações periódicas de novas obras, à medida que se concluem, sugerindo uma apreciação no estilo documental.
Shinya Takahashi é alguém com quem Murakami trabalhou por mais de 30 anos. Juntos, eles realizaram chave de projetos importantes, como a criação do personagem e da marca da cidade de Roppongi Hills, a exposição 500 Arhats no Mori Art Museum e, é claro, a “Mononoke Kyoto”.
Kyoto, vista como uma cidade divertida e enriquecedora, também tem muitas histórias subterrâneas, remontando à era dos imperadores, guerreiros e batalhas; isso compõe sua cultura complexa. Murakami, por meio de sua exibição, busca contar algumas dessas histórias.
Algum dos destaques da exposição incluem: “Rakuchū-Rakugai-zu Byōbu: Iwasa Matabei RIP (Scenes in and around Kyoto)”, uma pintura tradicional com 13 metros de comprimento do antigo cenário de Kyoto contrabalançada com os personagens de Murakami e pintada em seu estilo acrílico; pinturas em grande escala de “Quatro Símbolos” (quatro animais místicos que presidem as direções cardeais), que é mostrado na segunda seção da exposição onde a sala é disposta de acordo com os princípios de Feng Shui com uma escultura de templo hexagonal no centro; e o lançamento de seus cartões de troca, onde ele criou 108 novas imagens baseadas em Murakami.Flowers, e suas pinturas complementares exibidas por toda a exibição.
Na entrada da exibição, duas grandes esculturas vermelha e azul capturam a atenção dos visitantes. Essas representam Oni, um tipo de demônio da mitologia japonesa, a quem as crianças aprendem a rezar durante o Ano Novo por saúde e boa sorte.
Em um contexto social contemporâneo marcado pelo cancelamento de figuras públicas, Murakami compartilha suas reflexões sobre a cultura das redes sociais: “O cancelamento é uma coisa importante hoje, especialmente voltado para pessoas famosas e bem-sucedidas. As críticas e os comentários negativos são muito estressantes, ainda mais depois da pandemia, onde se tornaram mais prevalentes. É como uma caça às bruxas. Portanto, eu costumava gostar muito mais das redes sociais, mas hoje, à medida que envelheço e me desvinculo da cultura geral, sou muito cauteloso”, finaliza o artista.